Qualquer pessoa que compre um veículo em segunda mão espera que ele não tenha defeitos ou o conta-quilómetros adulterado. O facto é que encontrar um veículo usado com historial limpo pode ser um verdadeiro desafio. Aliás, comprar viaturas de certas marcas acarreta mais riscos, especialmente quando se procura um modelo de classe superior a preço acessível.
No estudo, foi considerado um veículo com historial limpo aquele que nunca tivesse sido danificado, cuja quilometragem não tivesse sido adulterada, que não tivesse sido utilizado para serviços de táxi, transporte ou aluguer, e que não tivesse sido classificado como sucata.
Leia ainda: Carros elétricos usados: o que deve ter em atenção
Entre todas as marcas verificadas em Portugal na plataforma da carVertical, a Toyota destaca-se: 91,5% dos veículos deste fabricante tinham historial limpo, seguida da Mazda (79%) e da Citroën (78,9%). Os veículos da Toyota, Mazda, e Citroën costumam ter históricos limpos. Isso acontece porque, muitas vezes, pertencem a condutores que dão prioridade à manutenção e à fiabilidade a longo prazo, em vez de adotarem uma condução agressiva ou fazerem alterações ao carro.
Além disso, estas marcas são menos utilizadas para fins comerciais, como táxis ou serviços de transporte, o que reduz a probabilidade de desgaste acentuado, fraude no conta-quilómetros, ou histórico de acidentes.

“Os vendedores desonestos tentam dissimular os registos históricos dos veículos para conseguirem inflacionar as suas margens de lucro. Esta prática é particularmente comum na venda de automóveis que sofreram danos significativos, o que os torna menos apelativos no mercado de veículos usados. Um automóvel com um historial limpo é muito mais fácil de vender por um bom preço”, explica Matas Buzelis, especialista do mercado automóvel e Diretor de Comunicações da carVertical.
Encontrar carro premium sem defeitos pode ser difícil
Encontrar um carro com o historial limpo exige tempo e dedicação, mas algumas marcas são particularmente problemáticas. Entre todos os veículos verificados na plataforma da carVertical em Portugal, os modelos da BMW tiveram os piores resultados: apenas 3,9% tinham o historial limpo. Seguiram-se a Porsche (16,1%) e a Jaguar (41%).
Leia ainda: Estes são os elétricos usados mais baratos
Na maioria dos países abrangidos pelo estudo, os automóveis de gama alta apresentaram probabilidades significativamente menores de terem um historial limpo, o que significa que os apreciadores destas marcas devem ter especial cautela ao procurarem um modelo em segunda mão.
“Muitas pessoas sonham em ter um carro de primeira classe, mas nem sempre avaliam bem os riscos envolvidos na compra do mesmo. Como estes veículos são mais caros, é mais provável que os vendedores trapaceiros falsifiquem a quilometragem ou dissimulem defeitos. Por outro lado, não vale a pena correr esse risco com um carro de gama baixa, porque o lucro na venda desses modelos é muito menor”, afirma Buzelis.
Ao tentarem adquirir um automóvel de primeira classe ao preço mais baixo possível, muitas pessoas esquecem-se de verificar o seu historial ou não averiguam o tipo de danos que pode ter sofrido no passado. Depois, à medida que vários problemas começam a manifestar-se, os proprietários deparam-se com surpresas desagradáveis. As reparações avultadas fazem com que as despesas de propriedade atinjam custos inesperados.
Para garantirem que o veículo funcionará de forma fiável durante muitos anos sem causar problemas inesperados, os compradores devem verificar o historial do veículo, fazer um test drive e, por fim, mandar inspecioná-lo num centro de assistência autorizado. Caso contrário, a empolgação da compra pode desvanecer-se rapidamente por causa de falhas mecânicas ou elétricas constantes.
Metodologia
O estudo da carVertical analisou relatórios históricos de veículos reais, adquiridos pelos clientes da empresa de janeiro a dezembro de 2024. Os veículos com relatórios limpos foram contabilizados por marca, convertidos em percentagens, e classificados em conformidade.
Um veículo com um relatório histórico limpo deve ter, pelo menos, cinco registos de quilometragem ao longo dos anos, sem intervalos superiores a três anos. Um veículo com um relatório histórico limpo não pode:
- ter quilometragem adulterada;
- ter estado envolvido num acidente;
- ter sido furtado;
- ter sido usado como táxi, veículo de transporte, ou de aluguer;
- ter situações financeiras pendentes;
- ter “title” de sucata, salvamento, inundação, fogo, ou defeito de fabrico;
- ter sido exposto a desastres naturais.